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terça-feira, 18 de maio de 2021

Campanha de doação de livros para a Biblioteca Dyonélio Machado

Retomando as ações para a  criação da Biblioteca Dyonélio Machado, o Serviço de Memória Cultural solicita a doação de livros de ficção (não científicos) que ficarão disponíveis para leitura dos servidores e pacientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro. A sala,  no andar térreo do Memorial, com o espaço de leitura, concentra também as reuniões do Clube Literário que leva o mesmo nome  estando  com atividades suspensas devido a pandemia.

     A campanha que teve início em 2020 para a obtenção dos exemplares havia sido suspensa para que as obras literárias não se tornassem vetor de contágio da Covid19. Depois da vacinação de servidores, a campanha retorna, porém com todos os cuidados de higienização necessários. Os exemplares doados ficarão em quarentena por 15 dias, após serão higienizados e catalogados para se tornarem  disponíveis ao acesso do público.  

     Como a Biblioteca integra o Memorial da instituição é certo que haja um acervo de grande valor com obras do início do século XX remanescentes  da Biblioteca do Hospital São Pedro da década de 20. Dentre elas, uma coleção de 25 volumes de Eça de Queiroz, de 1946,  compondo as estantes do local. Também do autor, um exemplar de O Egypto, de 1926. Estas porém, não serão de livre acesso. As leituras podem ocorrer na sala do Memorial, mas  ressalta-se que a gramática se apresenta bastante diferente da atual.

    Somente os livros com edições mais recentes poderão ser disponibilizados durante 15 dias aos leitores podendo serem renovados os empréstimos. A Biblioteca tem previsão de inauguração em julho de 2021.

   Sala de Leitura da Biblioteca Dyonélio Machado e do
     Clube Literário Dyonélio Machado(Memorial do HPSP)

                                                                                   

O Egypto: Eça de Queiroz de 1926

                                                     
Acervo: Coleção com 25 volumes de Eça de Queiroz de 1946

Lia Conceição Magalhães
Mtb 18958 -  CONRERP 1627
Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul
Av. Bento Gonçalves, 2460 - B. Partenon
Telefones: (51) 32401312


 

Boletim São Pedro Cult



 

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Hospital Psiquiátrico São Pedro comemora 136 anos de fundação.


Vídeo produzido pelo Serviço de Memoria Cultural do Hospital Psiquiátrico São Pedro da Secretaria Estadual da Saúde do RS, para comemorar os 137 anos de fundação da Instituição, que acontece no dia 29 de junho e conta a história da psiquiatria no Brasil e a criação do Hospital Psiquiátrico São Pedro.


Nos 136º aniversário do Hospital Psiquiátrico São Pedro, o Historiador Edson Cheuiche, servidor aposentado, que fez o resgate da história da instituição de 1876, época de sua fundação, até 1957, principal período ilustrado pelo acervo deste Memorial da Instituição, apresenta a seguinte homenagem:
Hoje, 29 de junho, data consagrada a São Pedro, santo padroeiro do nosso estado - Capitania de São Pedro do Rio grande do Sul, depois Província de São Pedro do Rio Grande do Sul - também registra os 136 anos do HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO. Criado pela lei provincial 944, de 13 de maio de 1874, foi nomeado no primeiro momento como Asilo de Alienados, sendo designado Hospício São Pedro por ocasião de sua inauguração em 29 de junho de 1884. De acordo com a lei, o prédio que fosse construído deveria ter um plano provisoriamente aprovado pelo governo; que ficasse isolado do hospital da Santa Casa; que fosse dividido em dois lances separados, um para os alienados em tratamento, e outro para os reputados incuráveis; que cada lance fosse dividido em secções, e cada secção dividida em classes, conforme a natureza especifica da enfermidade e a idade de infância ou madureza dos alienados; que as celas destinadas aos furiosos não ficassem ao alcance das vistas dos outros enfermos, e que o edifício tivesse, quanto possível, salas espaçosas, grandes jardins, águas abundantes e tudo que pudesse concorrer para a cura e restabelecimento dos enfermos. Após diversas tentativas malogradas na escolha do terreno, em novembro de 1979 foi adquirida a atual área com 33 hectares, hoje com 13,9 hectares. Conhecida como Chácara da Saúde, entestava com a Estrada do Mato Grosso, atual Av. Bento Gonçalves. Bastante arborizada, ar puro, água potável em abundância - ao norte atravessava o arroio da Azenha e a leste era lindeira com a sanga do Chagas - estava localizada a sete quilômetros da zona urbana da cidade. De acordo com Étienne Esquirol, alienista francês e discípulo de Philippe Pinel, os hospícios deveriam ser em locais com estas características, além de organizados e medicalizados, ideais para o princípio do isolamento, afastando o alienado das causas que o levaram à loucura – sociedade ou família. O lançamento da pedra fundamental foi em 2 de dezembro do mesmo ano. Na ata de lançamento ficou registrado que o autor da planta foi o eng. Álvaro Nunes Pereira, diretor da repartição de Obras Públicas. O projeto era de seis pavilhões com dois pavimentos voltados para o sul (que existem), mais seis pavilhões para norte (desistem de construir em 1914), simétricos e rebatidos aos do sul, sendo que o primeiro e o sexto seriam contínuos, cercando o grande pátio entre os pavilhões. A frente seria oeste, com duas entradas secundárias (uma existe) nos extremos do primeiro pavilhão, com a entrada principal no meio, entre as secundárias. A construção está de acordo com o pensamento europeu para os hospícios: ótima visibilidade e segurança (pátio cercado), ampla drenagem (porões) e ventilação (pé direito alto para circulação do ar). Os alienistas preferiam o estilo pavilhonal e não o de caserna como é o do São Pedro e o D. Pedro II no Rio de Janeiro. A partir de então foram iniciadas as construções do primeiro, segundo e terceiro pavilhões. A pressão do provedor da Santa Casa e do chefe de Polícia da Cadeia Civil, que reclamavam da presença de alienados em suas instituições junto ao presidente da Província, fez com que terminassem o primeiro em detrimento aos outros dois pavilhões Inaugurado o primeiro em 29 de junho de 1884, domingo, às 13 horas, com a presença das autoridades. Foram transferidos 41 alienados para o São Pedro, sendo 25 da Santa Casa (14 homens e 11 mulheres) e 16 da Cadeia Civil (10 homens e seis mulheres). No final do ano, no relatório emitido em 20 de dezembro de 1884 pelo médico diretor do São Pedro, Carlos Lisboa, o movimento do período registrou 72 alienados, sendo 43 homens, 29 mulheres; 43 solteiros, 15 casados, 14 desconhecidos; 59 nacionais, 13 estrangeiros; 48 brancos, 11 negros e 13 pardos. Os diagnósticos foram Mania (50), Paralisia Geral Incipiente (1), Demência (2), Imbecilidade (3), Idiotismo (4), Epilepsia (3), Duvidosos (4) e em observação, sem diagnóstico estabelecido (5). Os dois outros pavilhões foram inaugurados em 1886. Neste meio tempo, a cadeia Civil continuou acolhendo alienados por falta de espaço no primeiro pavilhão. Da inauguração até 1898 foram internados 433 estrangeiros, sendo 210 italianos. Neste ano, mesmo com o 4º pavilhão em construção, em dezembro foi iniciada a edificação do 5º pavilhão. Ao longo do ano de 1899 foram admitidos 185 pacientes, sendo 11 com chance de cura completa. Totalizou no último dia do ano 352 pacientes, sendo que o quadro de pessoal era composto de 28 servidores, sendo entre eles 2 médicos, 9 enfermeiros e ajudantes e 6 enfermeiras e ajudantes. As baixas foram maiores que os de altas e óbitos. Em 1901, o presidente Borges de Medeiros comunicou à Assembleia dos Representantes, que no ano anterior havia sido finalizada as obras do 4º pavilhão. Em 1903, no relatório emitido pelo secretário de Estado dos Negócios das Obras Públicas, ficou registrado a edificação do 6º pavilhão, concluindo a totalidade dos pavilhões da ala sul do Hospício São Pedro, conforme projeto original. O prédio histórico e de expressão imperial do Hospital Psiquiátrico São Pedro está tombado pelo estado do Rio Grande do Sul (IPHAE) e pelo município de Porto Alegre (EPHAC). Com 12.324 m², o conjunto arquitetônico neoclássico e centenário, com predominância de linhas ecléticas, que por sua grandiosidade foi tema de cartão-postal da capital, também foi considerado, na época, o maior prédio de função social do Rio Grande do Sul. Parabéns e reconhecimento aos abnegados servidores do São Pedro, bem como à Congregação das Irmãs de São José, presente no São Pedro desde 1910 - a remanescente Irmã Paulina, presente desde 1951, voltou em 2019 para a sede oficial da Ordem no estado, Garibaldi - pelos árduos serviços prestados ao longo destes 136 anos à saúde mental.

Texto publicado no facebook por Edson Medeiros Cheuiche